De acordo com dados da Coordenadoria de Informações Estatísticas e Análises Criminais (Coine), da Secretaria da Segurança Pública do Estado, o Rio Grande do Norte registrou uma queda de 65,4% nos homicídios de jovens entre 2018 e 2024. Esse percentual é ainda maior entre os jovens negros, com uma redução de 70,5% nos homicídios neste mesmo período.
Em 2018, o índice atingiu o número mais alto, com 1150 mortes registradas no RN. O segundo ano, com 834 homicídios de jovens registrados, foi em 2020. Já em 2024, os dados mostram uma queda significativa, com o número de 398 homicídios de jovens naquele ano. Entre os jovens negros, em 2018 a quantidade de homicídios foi de 1052, enquanto em 2024 foi de 310.
A violência tem sido um dos maiores desafios enfrentados pela juventude potiguar, de acordo com o subsecretário de Juventude (SEJUV), Gabriel Medeiros, em entrevista ao AGORA RN. “Vivíamos um estado refém da violência urbana que atingia principalmente os nossos jovens. De lá pra cá, reduziu-se em mais de 70%. Esse foi o primeiro grande desafio vencido”, disse.
Para Gabriel, algumas ações tornaram a diminuição desse índice possível: “Abertura de delegacias especializadas, produção de notas técnicas quanto a temas como racismo, juventude e cultura periférica, e um acompanhamento muito próximo da apuração de denúncias de violações de direitos humanos”, listou.
Questionado sobre jovens que se envolvem com a criminalidade, ele argumentou que acredita que os fatores que interferem no início de práticas criminosas são “inúmeros e complexos” e ainda, que imagina que “alguns deles estejam relacionados à falta de oportunidades e a condições indignas de vida impostas à juventude”.
“Quanto às substâncias ilícitas, esse tema é encarado por nós como uma questão de saúde pública e que merece toda a seriedade. Está em curso a instituição do Fundo Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas, que deve financiar ações voltadas à prevenção do uso abusivo, redução de danos e ações de promoção à saúde”, completou.
Desocupação também é desafio da juventude no Rio Grande do Norte
Um outro obstáculo, segundo ele, é o alto índice de desocupação e poucas políticas públicas relacionadas a essa temática. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, mostram uma redução no percentual na taxa de desocupação da juventude potiguar entre os anos de 2018 e 2024, a ser considerado o quatro trimestre de ambos os anos. Enquanto, em 2018, 29,70% dos jovens permaneciam na desocupação, em 2024 esse número caiu para 16%.
O subsecretário apontou que a ausência de oportunidades de trabalho e a falta de condições para a continuidade dos estudos são “os principais fatores que contribuem para os índices de desocupação e evasão”. Segundo ele, esses pontos têm sido enfrentados com prioridade. “O próximo desafio é buscar melhorar as condições de trabalho que os nossos jovens muitas vezes enfrentam, como jornadas exaustivas e baixos salários, e fazer com que as escolas se conectem cada vez mais com os anseios da juventude e com uma formação cidadã”, adicionou.
Gabriel afirmou que as políticas públicas de juventude têm sido estruturadas com foco na inclusão dos jovens no mercado de trabalho. “O Jovem Potiguar, por exemplo, que oferta capacitação profissional com bolsa, executado em parceria com o Governo Federal e o IFRN, teve prioridade absoluta para jovens do CadÚnico e incentivo a jovens negros, jovens mulheres, jovens egressos do socioeducativo, jovens trans e jovens com deficiência. Esse também foi o foco das Caravanas da Juventude, do Programa TecBlack, enfim”, disse.
O subsecretário também comentou sobre o mercado de trabalho para a juventude, que considerou como difícil em todo o país. “Para os jovens são oferecidos os postos com maior rotatividade, jornadas mais exaustivas, menor proteção social e baixos salários”, falou e citou que isso vai além da qualificação profissional. “Temos exemplos de jovens altamente qualificados que não conseguem uma colocação no mercado ou acabam acessando postos de trabalho para qualificações inferiores à sua. Também é preciso um olhar mais atento para a regulação do trabalho e o fortalecimento de políticas que melhorem as condições de trabalho da juventude brasileira”, acrescentou.
Gabriel Medeiros foi convidado recentemente para ser diretor do Escritório do Organismo Internacional de Juventude para a Iberoamérica (OIJ) no Brasil. A organização é orientada especificamente para discutir temas em volta da juventude e da inserção de temáticas de agendas governamentais. “Penso que a tarefa é fortalecer um instrumento de governança internacional no tema da política de juventude no Brasil e desenvolver em parceria com municípios, estados e a União”, concluiu.
Fonte: Agora RN