A deputada federal Carla Dickson afirmou nesta sexta-feira 23 que ainda não decidiu seu futuro partidário. Apesar de reconhecer que a permanência no União Brasil pode ser desafiadora para a sua reeleição, a parlamentar afirmou que não tem “motivos” para deixar a sigla e que está analisando o cenário antes de ter uma definição.
“Hoje eu não tenho motivos para sair do União Brasil, não tenho”, disse Carla, em entrevista à rádio Cidade (94 FM). Ela ressaltou que o momento é de montagem de “tabuleiros, jogo de estratégia mesmo”.
A deputada explicou que está em conversas com lideranças estaduais do partido, como o ex-senador José Agripino, e analisando o potencial da nominata da federação União Brasil/Progressistas. Segundo ela, o cálculo eleitoral será decisivo para definir sua permanência ou saída do partido atual.
“A gente vai ver quem são os deputados federais com mandato que já estão. […] É a partir dessa nominata que a gente vai ver a viabilidade de ter votos suficientes para fazer 3, 4 deputados, e assim por diante”, declarou Carla.
No início do mês, União Brasil e PP formaram uma federação. Isso significa que as legendas vão atuar como um partido só em 2026. Com isso, a situação política de Carla Dickson ficou delicada, pois outros possíveis candidatos pelos partidos são considerados mais competitivos, como Benes Leocádio (União), João Maia (PP) e Eriko Jácome (PP). Além disso, há possibilidade de Robinson Faria, hoje no PL, ingressar também no PP.
Carla não descartou a possibilidade de disputar a reeleição pelo PL, destacando afinidades ideológicas com o partido, mas ponderou que isso não é condição para manter proximidade com nomes da legenda.
“As pessoas falam: ‘Carla, você tem uma pauta muito alinhada com o PL’. E é verdade, eu tenho, eu sou de direita, faço parte da oposição, tenho amizade com a Michelle Bolsonaro […] mas o fato de andar com Michelle Bolsonaro não quer dizer que eu precise ser do partido”, enfatizou Carla.
Ela ainda citou como exemplo a ex-ministra da Mulher e atual senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e a vice-governadora do DF, Celina Leão (PP), como mulheres alinhadas com a direita, mas fora do PL. Para Carla, a federação à qual pertence está caminhando para se alinhar definitivamente com esse campo político.
“Vai ser um caminho sem volta”, disse Carla, citando conversas com o presidente nacional do União Brasil, Antônio Rueda, e falas do presidente do PP, senador Ciro Nogueira.
Eleições 2026 e candidaturas ao governo
A deputada também comentou a disputa pelo Governo do Estado em 2026 e evitou antecipar um apoio individualizado. Entre os nomes citados na entrevista, destacam-se o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União), o senador Rogério Marinho (PL), e o ex-prefeito de Natal Álvaro Dias (Republicanos).
“Eu vou apoiar quem o grupo apoiar. São três nomes importantes. Allyson está fazendo um trabalho muito bom em Mossoró, articulado, jovem. Rogério Marinho, excelente articulador, estrategista […] Álvaro Dias já mostrou o trabalho dele aqui por Natal”, enfatizou a deputada.
Carla destacou a atuação de José Agripino na articulação de um consenso no grupo de centro-direita e reforçou que caminhará com a decisão coletiva.
“Eu creio que José Agripino, que está comandando tudo isso juntamente com o PL […] nós vamos chegar a um consenso. Meu nome será o nome que o grupo escolher”, assinalou.
Denúncias contra Allyson Bezerra
Questionada sobre denúncias envolvendo a gestão do prefeito Allyson Bezerra, Carla tratou o tema como parte do “jogo político” e criticou o que considera desequilíbrio no tratamento dado pela mídia a suspeitas e absolvições.
“Quando você coloca a sua cabeça para fora, querido, até cheque sem fundo que você passou quando existia cheque vai ressuscitar”, pontuou.
Ela apontou que acusações, mesmo falsas, ganham grande repercussão, enquanto as absolvições não recebem o mesmo destaque. “Você condena, acaba com a vida da pessoa e depois que a coisa […] a pessoa já está acabada. […] Só que não se dá a mesma mídia para dizer ‘a pessoa é inocente’.”
Carla também alertou para o uso político de informações e a necessidade de a população verificar a origem das notícias. “Nem tudo que está na internet, nem tudo o que alguns veículos de imprensa falam […] é importante ver a fonte disso, se é pago pela esquerda, se é pago pela direita. Eu estou falando isso para os dois lados.”
Fonte: Agora RN