O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta sexta-feira 30, em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estava “triste e resignado” após perder as eleições de 2022. Ele prestou depoimento como testemunha de defesa de Bolsonaro na ação penal que investiga tentativa de golpe de Estado.
Tarcísio negou que Bolsonaro tenha cogitado ruptura institucional: “Jamais. Nunca. Assim como nunca tinha acontecido durante meu período no ministério, da mesma forma nesse período que eu tive presente com presidente na reta final, nas visitas que fiz, nas conversas que eu tive, jamais tocou nesse assunto, jamais mencionou qualquer tentativa de ruptura. Presidente estava triste, resignado. Na primeira visita vi situação de saúde, presidente com eripsela. Conversávamos sobre muita coisa e esse assunto [golpe] nunca veio a pauta”, afirmou.
Anteriormente, o governador já havia criticado investigações contra o ex-presidente. Em novembro, afirmou que as acusações da Polícia Federal sobre uma suposta trama golpista eram uma “narrativa” que “carece de provas”. Em fevereiro deste ano, classificou a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) como “forçação de barra” e “revanchismo”.
Também nesta sexta-feira, o senador e ex-ministro da Casa Civil Ciro Nogueira (PP-PI) depôs ao STF e declarou que Bolsonaro ficou “um período deprimido” após a derrota e se recolheu no Palácio da Alvorada por questões de saúde.
“Nunca aconteceu isso, todas as orientações foram para que fizesse a transição da melhor forma possível”, afirmou Ciro, que participou da equipe de transição com o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A Primeira Turma do STF está colhendo as últimas oitivas no processo sobre a suposta tentativa de golpe. Os depoimentos devem seguir até a próxima segunda-feira 2.
Entre as testemunhas de acusação, os ex-comandantes do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, e da Força Aérea Brasileira (FAB), Carlos de Almeida Baptista Júnior, apresentaram versões diferentes sobre os acontecimentos, mas ambos afirmaram que Bolsonaro trabalhou em uma minuta que previa medidas para impedir a posse de Lula. Disseram ainda ter participado de reuniões sobre o tema e rejeitado envolvimento no plano.
A maior parte das testemunhas de defesa negou conhecimento de qualquer tentativa de golpe. O ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirmou que as reuniões das quais participou trataram apenas da transição e que Bolsonaro, embora abatido, demonstrou estar pronto para deixar o cargo.
Fonte: Agora RN